Urupë
2017
15 Impressões jacto de tinta sobre papel Fine Art
109 x 73 cm | 80 x 53 cm
A complexidade visual desta série não se limita apenas ao jogo caleidoscópico entre o suposto referente - a flora residente em algum jardim botânico - e as texturas que dão corpo a um manto diáfano ou fantasmático, uma espécie de véu reticulado através do qual se encobre todo o plano visual. A esta membrana translúcida é adicionada ainda uma outra estrutura arquitectónica, composta por esquadrias (de janelas), a qual se dissimula numa matriz que parece servir de enquadramento ao universo vegetal de uma natureza inacessível.
O que vemos nestas imagens é essencialmente uma composição por camadas de elementos visuais, uma estratigrafia composta por velaturas, reflexos e linhas perpendiculares em interação permanente. Em algumas das fotografias é mais intensamente notória a tensão vibrátil que delas emerge, produzindo-se nestes casos uma modulação da percepção visual que classificaríamos de alucinatória. Neste contexto, a autora propõe-nos uma aproximação velada à Phýsis ("Natureza"), como se a capacidade de apreender a vida que brota incessantemente fosse inacessível à percepção humana.
Texto: Rui Ibañez Matoso